terça-feira, 30 de dezembro de 2008

"A ESQUERDA SOBRE A DIREITA" - SENSACIONAL COLABORAÇÃO

A NEGRA I - NANQUIM S/ PAPEL - 22 X 17 CM - Coleção Gilberto Chateaubriand, MAM RJ
"COM AS PERNAS INVERTIDAS" - CATALOGADA NO PROJETO RAISONNÉ D032

A NEGRA - ESTUDO COMPLETO - MINHA COLEÇÃO PARTICULAR
Aquarela - 28 x 25 cm (página do caderno de estudos) - Imagem: 20 x 17 cm - Excluída do Projeto Raisonné



A NEGRA OST 100 X 80 CM
MAC - USP / SP - CATALOGADA NO PROJETO RAISONNÉ P049

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LEIAM A SENSACIONAL INTERPRETAÇÃO POR:

José Roberto Guedes de Oliveira
ENSAISTA, POETA E HISTORIADOR

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Indaiatuba, 30 de dezembro de 2008.


PREZADO SR. MARCOS DE PAULA SILVEIRA

Afetuoso abraço.

Primeiramente, os meus cumprimentos e, ao mesmo tempo,
os meus votos de Boas Festas e Venturoso 2009.

Vi o seu E-mail e achei fenomenal a observação do seu ami-
go Marcelo Valente, de Jundiaí, na pintura da Tarsila do Ama-
ral.

A pintora capivariana, que eu conheci quando criança, nos sur-
preende a todo momento em que se busca desvendar certos
aspectos de sua arte.

Só para você ter uma idéia, uma das poucas obras no bronze,
que ela deixou, foi o busto de Rodrigues de Abreu, existente
na Praça Dr. Cesário Motta, em Capivari. Anos atrás analisei
todos os detalhes e acabei por descobrir que a pintora esbo-
çou mesmo a figura do irmão do poeta (Agatângelo) e não o
próprio Rodrigues de Abreu. É que ela se baseou numa foto
que a Comissão Pró-Herma entregou a ela, já que nada co-
brou do trabalho.

Mais ainda, a assinatura no pescoço está assinado: Tarcila
do Amaral (com "c"). Mas isto é apenas uma curiosidade a
mais na vida dessa grande pintora.

Além disso, ainda surgem dúvidas sobre a sua naturalidade,
que defendo ser capivariana, como eu. Muitos dizem que ela
nasceu em Rafard (hoje cidade, mas na época era distrito de
Capivari - Fazenda São Bernardo), outros afirmam que ela
nasceu em Mombuca (hoje cidade, mas na época pertencia
a Capivari), até dizem que ela nasceu em Indaiatuba (há uma
casa antiga dela, aqui existente, transformada em ponto turís-
tico: Sítio da Dona Rute) e, finalmente, os que dizem ter ela
nascida em Jundiaí (é que as fazendas do Dr Juca, pai da
Tarsila, se enfileiravam de Piracicaba até Jundiai, tal foi a
sua riqueza). Dr. Juca era conhecido como "O Milionário".

Bem, vamos ao que interessa. O último quadro da pintora,
à óleo, com a perna esquerda em cima da direita, é o cor-
reto, na minha tese.

Explico-lhe:

O esboço da Tarsila do Amaral foi idealizado nos tempos
em que a sua riqueza era visível e o seu pai, fazendeiro
riquíssimo, tinha os pendores que hoje poderíamos clas-
sificar como "direitista". Possuia escravos, era um tanto
quanto prepotente e frequentava somente as festas de
elite, ao contrário de sua mulher, que tinha uma sensibi-
lidade apurada para com todos, sem a distinção da ri--
queza.

Na pintura final, Tarsila do Amaral já era parte integran-
te do Partido Comunista, junto com Oswald de Andrade
(seu marido) que havia inscrito a mesma no PCB. Tanto
isso é verdade, que por alguns meses a Tarsila do Ama-
ral esteve presa na França.

O objetivo da Tarsila do Amaral era destacar a "esquer-
da" em cima da "direita". Portanto, a minha tese era de
que ela, propositadamente, retificou a obra e deu como
final esta posição, numa conotação essencialmente po-
lítica partidária.

Posso estar errado no meu modo de entender. Mas tive
o convívio dela e dos familiares, lá na rua Fernando de
Barros, em Capivari, num casarão enorme, que frequen-
tava sempre, juntamente com o meu irmão em seus con-
certos para a família, das músicas de Tárrega.

Para curiosidade ainda, este meu irmão, violonista virtuo-
so e consagrado, mora em Jundiaí: Carlos Guedes.

De toda sorte, são estas as minhas observações, salvo
engano de minha parte, penso que a Tarsila do Amaral
ainda continua um mistério a muitos que fazem seus
estudos ou tentam biografá-la. Mas fico, sempre, com
o que Walt Whitman me ensinou:

ENQUANTO EU LIA O LIVRO enquanto eu lia o livro, a famosa biografia: - então é isso (eu me perguntava) o que o autor chama a vida de um homem? E é assim que alguém, quando morto e ausente eu estiver, irá escrever sobre a minha vida? (Como se realmente alguém realmente soubesse de minha vida um nada, quando até eu, eu mesmo, tantas vezes sinto que pouco sei ou nada sei da verdadeira vida que é a minha: somente uns poucos traços apagados, uns dados espalhados e uns desvios, que eu busco para uso próprio, marcando o caminho daqui afora.) Do livro: Folhas das Folhas da Relva / Brasiliense Tradução: Geir Campos

Aceite, do fundo do coração, o meu abraço fraterno.

Respeitosamente,

JOSÉ ROBERTO GUEDES DE OLIVEIRA
E-mail: guedes.idt@terra.com.br

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