terça-feira, 30 de dezembro de 2008

"A ESQUERDA SOBRE A DIREITA" - SENSACIONAL COLABORAÇÃO

A NEGRA I - NANQUIM S/ PAPEL - 22 X 17 CM - Coleção Gilberto Chateaubriand, MAM RJ
"COM AS PERNAS INVERTIDAS" - CATALOGADA NO PROJETO RAISONNÉ D032

A NEGRA - ESTUDO COMPLETO - MINHA COLEÇÃO PARTICULAR
Aquarela - 28 x 25 cm (página do caderno de estudos) - Imagem: 20 x 17 cm - Excluída do Projeto Raisonné



A NEGRA OST 100 X 80 CM
MAC - USP / SP - CATALOGADA NO PROJETO RAISONNÉ P049

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LEIAM A SENSACIONAL INTERPRETAÇÃO POR:

José Roberto Guedes de Oliveira
ENSAISTA, POETA E HISTORIADOR

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Indaiatuba, 30 de dezembro de 2008.


PREZADO SR. MARCOS DE PAULA SILVEIRA

Afetuoso abraço.

Primeiramente, os meus cumprimentos e, ao mesmo tempo,
os meus votos de Boas Festas e Venturoso 2009.

Vi o seu E-mail e achei fenomenal a observação do seu ami-
go Marcelo Valente, de Jundiaí, na pintura da Tarsila do Ama-
ral.

A pintora capivariana, que eu conheci quando criança, nos sur-
preende a todo momento em que se busca desvendar certos
aspectos de sua arte.

Só para você ter uma idéia, uma das poucas obras no bronze,
que ela deixou, foi o busto de Rodrigues de Abreu, existente
na Praça Dr. Cesário Motta, em Capivari. Anos atrás analisei
todos os detalhes e acabei por descobrir que a pintora esbo-
çou mesmo a figura do irmão do poeta (Agatângelo) e não o
próprio Rodrigues de Abreu. É que ela se baseou numa foto
que a Comissão Pró-Herma entregou a ela, já que nada co-
brou do trabalho.

Mais ainda, a assinatura no pescoço está assinado: Tarcila
do Amaral (com "c"). Mas isto é apenas uma curiosidade a
mais na vida dessa grande pintora.

Além disso, ainda surgem dúvidas sobre a sua naturalidade,
que defendo ser capivariana, como eu. Muitos dizem que ela
nasceu em Rafard (hoje cidade, mas na época era distrito de
Capivari - Fazenda São Bernardo), outros afirmam que ela
nasceu em Mombuca (hoje cidade, mas na época pertencia
a Capivari), até dizem que ela nasceu em Indaiatuba (há uma
casa antiga dela, aqui existente, transformada em ponto turís-
tico: Sítio da Dona Rute) e, finalmente, os que dizem ter ela
nascida em Jundiaí (é que as fazendas do Dr Juca, pai da
Tarsila, se enfileiravam de Piracicaba até Jundiai, tal foi a
sua riqueza). Dr. Juca era conhecido como "O Milionário".

Bem, vamos ao que interessa. O último quadro da pintora,
à óleo, com a perna esquerda em cima da direita, é o cor-
reto, na minha tese.

Explico-lhe:

O esboço da Tarsila do Amaral foi idealizado nos tempos
em que a sua riqueza era visível e o seu pai, fazendeiro
riquíssimo, tinha os pendores que hoje poderíamos clas-
sificar como "direitista". Possuia escravos, era um tanto
quanto prepotente e frequentava somente as festas de
elite, ao contrário de sua mulher, que tinha uma sensibi-
lidade apurada para com todos, sem a distinção da ri--
queza.

Na pintura final, Tarsila do Amaral já era parte integran-
te do Partido Comunista, junto com Oswald de Andrade
(seu marido) que havia inscrito a mesma no PCB. Tanto
isso é verdade, que por alguns meses a Tarsila do Ama-
ral esteve presa na França.

O objetivo da Tarsila do Amaral era destacar a "esquer-
da" em cima da "direita". Portanto, a minha tese era de
que ela, propositadamente, retificou a obra e deu como
final esta posição, numa conotação essencialmente po-
lítica partidária.

Posso estar errado no meu modo de entender. Mas tive
o convívio dela e dos familiares, lá na rua Fernando de
Barros, em Capivari, num casarão enorme, que frequen-
tava sempre, juntamente com o meu irmão em seus con-
certos para a família, das músicas de Tárrega.

Para curiosidade ainda, este meu irmão, violonista virtuo-
so e consagrado, mora em Jundiaí: Carlos Guedes.

De toda sorte, são estas as minhas observações, salvo
engano de minha parte, penso que a Tarsila do Amaral
ainda continua um mistério a muitos que fazem seus
estudos ou tentam biografá-la. Mas fico, sempre, com
o que Walt Whitman me ensinou:

ENQUANTO EU LIA O LIVRO enquanto eu lia o livro, a famosa biografia: - então é isso (eu me perguntava) o que o autor chama a vida de um homem? E é assim que alguém, quando morto e ausente eu estiver, irá escrever sobre a minha vida? (Como se realmente alguém realmente soubesse de minha vida um nada, quando até eu, eu mesmo, tantas vezes sinto que pouco sei ou nada sei da verdadeira vida que é a minha: somente uns poucos traços apagados, uns dados espalhados e uns desvios, que eu busco para uso próprio, marcando o caminho daqui afora.) Do livro: Folhas das Folhas da Relva / Brasiliense Tradução: Geir Campos

Aceite, do fundo do coração, o meu abraço fraterno.

Respeitosamente,

JOSÉ ROBERTO GUEDES DE OLIVEIRA
E-mail: guedes.idt@terra.com.br

O DIA EM QUE “A NEGRA” CRUZOU AS PERNAS........

Segunda-feira, 22 de Dezembro de 2008

Antes de sair em férias, retornando em 17.01.2009, não posso deixar de registrar uma curiosidade, que me foi apontada pela visão arguta do amigo Marcelo Valente, de Jundiaí, que começa muito bem exercitando seu “olho clínico”: se visitarem o website do Projeto Catálogo Raisonné Tarsila do Amaral, verão que, em todos os esboços de “A Negra”, a perna direita está sobre a perna esquerda. Na “obra final”, ocorre o contrário: a perna esquerda está sobre a perna direita. Em minha aquarela, o estudo mais completo, portanto mais próximo da concepção final, a posição é a mesma do óleo sobre tela.Acessem os links abaixo e confiram!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!Alguém do Projeto ou outro estudioso poderia ajudar, no sentido de esclarecer a razão da mudança feita por Tarsila do Amaral, após realizar os estudos que hoje estão catalogados?????http://www.macvirtual.usp.br/MAC/templates/exposicoes/exposicao_permanente_obras/imagem/a_negra.jpghttp://www.bbc.co.uk/portuguese/especial/images/539_tarsila/153654_tarsilanew2.jpghttp://img.mercadolivre.com.br/jm/img?s=MLB&f=86526255_9736.jpg&v=Ohttp://www.base7.com.br/tarsila/
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A GRANDE PINTORA TARSILA DO AMARAL

Bel. José Roberto Guedes de Oliveira
Matéria publicada em 01/09/2003 - Edição Número 49
http://kplus.cosmo.com.br/materia.asp?co=186&rv=Literatura

Internacionalmente conhecida, como uma das mais célebres pintoras do Brasil, senão a mais fértil de todas, Tarsila do Amaral, a caipira de Capivari, ainda está para merecer a contemplação de um Museu, onde pudesse estar recolhido toda a sua trajetória de artista fenomenal.
E que não fosse pouco, a sua história, vivida intensamente, com lances de altos e baixos, em documentários a serem espalhados por este Brasil, indo além fronteiras, para que mais ainda conhecessem o seu encanto, a sua infinita bondade, o seu acendrado amor pelas coisas simples e, acima de tudo, o seu talento artístico de há muito comprovado.
Essa história fincada no seu passado quatrocentão, da origem dos Brás Cubas, se calca na grandeza da alma paulista, recheada das incertezas que imperaram do início até a metade do século XX. As riquezas, depois o aperto, a angustiosa caída que fulminou os grandes fazendeiros do nosso interior, principalmente aqueles que sentiram na pela a crise do café, por força de sua principal produção agrícola. Mesmo o algodão e a cana de açúcar não conseguiram devolver o que se foi como uma enxurrada, em dias de chuvas intensas.
De qualquer forma, Tarsila do Amaral sobreviveu a tudo isto, com sua altivez e o seu magnetismo, graças mais ainda a uma pessoa que lhe foi a todo tempo uma amiga e um ombro largo e acolhedor: Dona Lídia, sua mãe querida.
Não se poderia jamais distanciar esta perene ligação, entre mãe preocupada e sempre presente nos momentos cruciais e de dificuldades, com a pintora, escultura, jornalista, poetisa e até contista Tarsila do Amaral.
Portanto, para compreender a extensão de caráter e este magnetismo que a artista possuía, é necessário perceber a constante presença de sua mãe, orando, escrevendo-lhe doces cartas e indicando-lhe o caminho de sua felicidade. Mais ainda, a educação materna foi o princípio de toda a sua trajetória, um legado de exemplo edificante nas artes.
Seja, então, nesta minha introdução, pequena fala de respeito, admiração e apreço à pintora, um sublime projeto-resumo do caráter da chamada caipira "Paulista por mercê de Deus", como se vê no listel que adorna o Brasão de Capivari, sua terra natal, frase esta famosa de Diogo Antônio Feijó.
No concurso dos grandes pintores, artistas dos pincéis, da prancha, do cavalete, da tela, da tinta, da imaginação e do talento, ressurge como estrela fulgurante, de uma quinta grandeza, a figura imorredoura de Tarsila do Amaral.
Senhoras e Senhores!
Juventude!
No dia 1o de setembro de 1886, no estertor do século XIX, ainda sob o regime do Império, em seu segundo reinado de até 1889, nascia em Capivari, Tarsila do Amaral, filha de José Estanislau do Amaral Filho, cognominado "o rico fazendeiro" e de Dona Lídia Dias de Aguiar do Amaral. Ainda que pese algumas dúvidas em que localidade realmente ela nasceu, não há qualquer contraposição de que o seu surgimento se deu em terras capivarianas. Há uma hipótese mais viável de que veio à luz na fazenda denominada S.Jerônimo, nos arredores de Capivari, hoje pertencente ao município de Mombuca. Esta pacata cidade, de produção agrícola entre cana, batata e cebola, também deu para o nosso teatro, cinema e TV, a figura de Leonardo Villar.
O abastado fazendeiro Dr. Juca, possuía fantásticas e extensas fazendas, que se enfileiravam de Piracicaba até Jundiaí. Mais de duas dezenas destas, todas elas plantadas, produzindo, principalmente, o café. Perdia-se de longe o número de empregados e de produção agrícola.
Fácil assim é supor que a pequena Tarsila vivesse a desfrutar disso tudo, percorrendo-as ao longo de sua infância. Numa delas, na Fazenda São Bernardo, hoje pertencente ao município de Rafard, a pequena passou alguns anos de intensa alegria. Esta fazenda, o Dr. Juca havia adquirido em 1889. Até hoje a sede desta propriedade permanece intacta, vistosa e vetusta, imponente, desafiando o tempo que não lhe consumiu mesmo em sua centenária existência.
A pequena iniciou sua pintura, ainda em tenra idade. Um coração vermelho, pintado na parede, pensa-se ser o primeiro trabalho seu. Ao que sei, esta obra inicial foi feita aos 6 anos de idade, bem à moda da pintora, na fazenda de propriedade do Dr. Sérgio Estanislau do Amaral, há alguns anos falecido e que tive a oportunidade de desfrutar de sua amizade particular, sendo um dos sobrinhos mais queridos da artista. Depois lhe vieram outras pinturas, mas na fase em que esteve na Fazenda Santa Cruz do Alto, pertencente ao município de Jundiaí.
Inspirado nessa ternura de pintora, florescendo ao fervor do pincel, assim se expressou o poeta e historiador Homero Dantas, seu conterrâneo:
Pintora Modelo
À memória de Tarsila do Amaral
Ela pintava flores simplesmentecopiando pelo espelho o lindo rosto.Era uma flor humana que, ao sol-postoou de manhã, se retratava ardente!...Assim, com seu semblante róseo em frenteao espelho – modelo pulcro exposto!...ela, beleza rosicler, com gostopintava flores em tela albescente!...Olhando a rósea cor de sua faceem mescla com um brancor leve e fugaceflores róseas e brancas pintalgava!...E ao pintá-las, em meio às variegadasflores – níveas e rosas e encarnadas –ela, flor, com as flores se igualava!...
Mas a infância percorrida nas propriedades do pai, colhendo frutas, entre as quais de sua predileção, a jabuticaba, Tarsila do Amaral viu a sua cultura resplandecer à rigidez dos grandes fazendeiros. O português correntio, o francês primoroso, o latim, as artes como um todo, à escuta do piano que sua mãe tão magistralmente tocava, tudo num cenário grandíloquo, lapidando o caráter de uma figura que se tornaria célebre até nos rincões da então distante União Soviética. E ela, saboreando tudo isso, diria mais tarde, já consagrada:
"Comecei a pintar quanto estava na fazenda. Era criança ainda, tinha quatro para cinco anos. Meu pai tinha comprado diversas fazendas, gostava muito de terras. Ele comprara uma muito bonita, de muito luxo, confortável. Então mudamos, fomos para Capivari, onde eu tinha nascido.
Eu não pintava, ainda, mas gostava de ver, por exemplo, o que minha mãe tinha: uma porção de santinhos que eram dados nas igrejas. Os santos – eu gostava de olhar aquilo, ficava reparando.
Depois, mais tarde, meio uma professora da Bélgica. Era de uma família muito rica, que tinha perdido tudo, de alta classe; tinha chegado a São Paulo. E, como não havia professores, meu pai combinou com a família dela: tinha comprado cinco fazendas de uma vez, e daria trabalho para eles. Os belgas não entendiam nada de fazenda, mas aceitaram, pois precisavam.
A filha deles ficou sendo minha professora de francês. O francês da Bélgica que não era tão bonito como o da França. Em todo caso, era uma língua estrangeira. Ela tinha 18 anos. Eu me lembro muito de um passeio que fazíamos. As fazendas se comunicavam umas com as outras. Uma delas era uma beleza, tinha uma floresta. Íamos de trole puxado a cavalos; a gente via onças ao longe, eu ficava com medo daquilo".
Posteriormente, fixa-se na capital paulista, em colégio interno.
E continua no seu depoimento, realizado em 1972, um ano antes do seu falecimento:
"Mais tarde, fui para São Paulo, para ficar num colégio interno. Meu pai gostava assim, pois havia mais disciplina. Fiquei lá, no colégio de freiras, uma porção de tempo. E já desenhava bem, decalcando sempre. Punha aquele papel e ia tirando os desenhos. Mas não fazia nada bom; depois, as professoras sabiam quase menos que eu. Faziam coisas muito mal feitas de pintura.
Passado algum tempo, a família toda foi para a Europa. E eu fui, então. Fomos a Madrid e Barcelona: lá tinha um colégio de freiras muito bom, com moças muito bonitas, todas nobres, muito instruídas – tanto que elas não podiam falar o catalão, que era a língua de lá. Vi muita coisa bonita. Uma igreja que estava sendo trabalhada já fazia 200 anos e ainda não estava pronta.
Quando cheguei lá eu não sabia falar nada do espanhol. Nesse tempo era muito nova, tinha 8 anos, não sabia nada – mas aprendi um instante. Houve um concurso de ortografia e eu fiz parte do grupo das meninas maiores, das mais instruídas; estudei muito bem aquilo tudo, com muita paciência, e na ocasião das provas fui a primeira da classe. Até a diretora da escola fez uma preleção. Falou que era uma vergonha uma estrangeira chegada havia apenas três meses ser a primeira da classe".
Numa segunda ida à Europa, agora com toda a família, Tarsila do Amaral reafirma a sua condição de pintora, dizendo:
"No colégio sempre fui a primeira da classe. Ficava contente de fazer as coisas bem feitas. Depois, fui para outro colégio, em Paris, para aprender bem o francês. Meus irmãos foram todos também. Mais tarde, voltei para a Espanha. Minha mãe voltou para o Brasil, pois meu pai precisava ver as fazendas, se iam bem".
De volta para São Paulo, ela assim se expressa:
"Fui para São Paulo, entrando no Colégio Sion. Eu já falava bem o francês e era a primeira em latim. Saí do colégio e fui estudar em casa. Já sabia pintar mais ou menos. O Cristo que eu fiz ficou até mais bonito que o quadro, fiz os olhos maiores. Fui dispensada dos trabalhos manuais, para fazer só pintura. Aqui, as professoras que me ensinavam pinturas não eram boas. Eu fazia tudo meio decalcando.
Fiquei muito tempo no colégio. Depois, fui para uma temporada na fazenda. Continuei pintando animais".
Em 1920, na 3ª viagem à Europa, Tarsila do Amaral começa a estudar em Paris, com os grandes mestres. Primeiro, na Academia Julian. Depois com Emile Renard, freqüentando cursos livres.
A pintura moderna a envolve sobremaneira. Conhece e passa a aluna de Lhote Léger e Glauzes. Freqüenta as rodas de intelectuais, escritores e artistas, mais acentuadamente com os franceses: Gauthier, Serge Romoff, Maurice Raynal, André Warnod, Blaise Cendrars, Pablo Picasso, Brancusie e outros.
Estava na Europa quando, em fevereiro de 1922 explode a Semana de Arte Moderna. A notícia lhe chega através de Anita Malfatti, por carta que esta, ainda não a conhecendo, lhe escreve.
Em depoimento, assim Tarsila do Amaral se expressa:
"Eu não conhecia a Anita Malfatti. Conhecia, sim: quando houve a Semana de Arte Moderna e eu não estava aqui no Brasil, e ela me escreveu uma carta contando como se passou a Semana. Contou aquilo tudo. Ela já fazia uma pintura mais avançada. Era diferente a pintura dela. Teve um professor alemão, estudou na Alemanha. Eu recebia a carta. Ela explicava, contava tudo detalhadamente, aquelas brigas, as pessoas que vieram do Rio de Janeiro; era uma carta longa, que eu guardei por muito tempo e depois perdi.
Voltei nos primeiros dias de julho de 22. Naquele tempo não havia avião nem nada. Só navios. Aqueles ingleses, muito bons, viagens de até 20 dias.
Cheguei e, quando vi a pintura de Anita também não gostei. A pessoa que prejudicou muito a Anita foi a própria mãe dela, que era pintora e queria que a filha fizesse como ela. Coisas sem novidades. Ela se zangava com a pintura da Anita. Nessa ocasião, teve Monteiro Lobato, que escreveu sobre Anita. Mas ele ofendeu tanto Anita que ela nunca mais se levantou. Jamais reconquistou a confiança no seu trabalho. Eles falavam de um burro com um pincel amarrado no rabo, que sujava com as tintas e passava numa tela atrás, e que a pintura de Anita era igual a essa".
A adesão de Tarsila do Amaral ao referido Movimento, foi feita através dessas cartas trocadas quase que diariamente entre ela e Anita Malfatti. No Salão dos Artistas Franceses, ela se apresenta e inicia um processo de conhecimento público de suas obras.
Esta fase européia da Tarsila é caracterizada pela da pintura "pau-brasil", identificada pelo quadro "Caipirinha", com bananas e coqueiros. Lhote, Léger e Glizes não deixam de rasgar elogios desta fase cubista, dizendo que ela era o "serviço militar na pintura".
O seu quadro "A Negra", também dessa fase, reflete bem a raça brasileira. Os franceses a viam com o esplendor incomum da pintura mundial, ao lado dos grandes mestres da década de 20 e de 30.
De volta para o Brasil, imprime viagem pelas cidades históricas de Minas Gerais, com um grupo de amigos. A excursão tem por base as cidades de São João Del Rey, Congonhas do Campo, Sabará, Ouro Preto, Mariana, Tiradentes, Barbacena e outras localidades de Minas Gerais. Com esse contato direto com os artistas da localidade, Tarsila do Amaral enche seus cadernos de anotações, descobrindo um novo Brasil, esse país colonial, acolhedor, simples. Passa a trabalhar intensamente, produzindo, entre outras obras o "Morro da Favela" e "Adoração" pintadas com cores vivas, quentes. A exposição de 1929, foi um sucesso.
A Semana de Arte Moderna revoluciona os meios literários e artísticos. O atelier de Tarsila do Amaral, no centro de São Paulo, na Rua Vitória, é ponto de encontro e reunião obrigatória de todo grupo modernista. Ali, formou-se o conhecidíssimo grupo dos cinco: Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia, Anita Malfatti e a Tarsila do Amaral. Graça Aranha havia formado um outro grupo, mas participava também das reuniões no atelier da Tarsila.
Em 1926, em Paris, realiza a sua primeira exposição na célebre Galeria Percier. Tem completo êxito o evento. Dois anos depois, em 1928, em seu atelier de São Paulo, Tarsila esboça uma grande tela, que deu o nome de Abapuru, uma figura solitária, esquisita, pés imensos, sentada numa planície verde. Em frente, um cáctus explodindo numa flor completamente absurda.
Em 1929, tomando os motivos principais de "Negra" e "Abapuru, realiza um esplêndida composição, denominando-a de Antropofagia, quando este que despertou a curiosidade do mundo artístico. Ainda em 1929, na Rua Barão de Itapetininga, na capital paulista, realiza-se a exposição de quadros da Tarsila. Interessante é que os alunos recém-formados da Escola de Belas Artes de São Paulo, visitando a referida exposição, deixam "charges" penduradas entre os quadros. Sem se aborrecer, Tarsila do Amaral mantém estas "charges" junto aos quadros, muito embora fossem alusivos à crítica à sua arte. Houve, por assim dizer, um interessante episódio de se formar duas correntes distintas entre a intelectualidade: uma, a conservadora, ainda pressa ao passado e a outra, vanguardista, defensora da livre expressão da arte.
Em 1931 volta à Europa e expõe em Berlim. De lá segue para Moscou. Na capital russa entra em contato com a família de Octavio Brandão. A poetisa e heroína Laura Brandão mantém com a Tarsila uma amizade duradoura. Interessante que a Tarsila do Amaral esboça em quadro o rosto da jovem poetisa e revolucionária, mas, pelo que sei, se perdeu no corre-corre com a invasão nazista às portas de Moscou.
Em 1932, Tarsila volta ao Brasil e inicia os trabalhos na sua fase social. Quadros como "Operário", à óleo, com 53 cabeças, representa todos os povos da terra. Em 1933 pinta o quadro "A 2ª Classe", representando numerosa família de trabalhadores desembarcando numa estação. Posteriormente, vem a fase modernista. Já havia pintado, na fase acadêmica, também os quadros "Sono", em 1928, "Floresta", em 1929 e "Antropofagia", em 1929. O "Abapuru", de 1928, é um quadro que presenteia Oswald de Andrade, em seu aniversário. Esta obra foi adquirida, há algum tempo, pelo colecionador portenho Eduardo Francisco Constantin, principal executivo do Banco Velox. Em depoimento sobre esta monumental obra, de conhecimento universal, Tarsila explica: "Fiz este quadro para dar de presente ao Oswald, no seu aniversário. Aproveitei que ele não estava em casa e fiz aquela coisa monstruosa, aqueles pés enormes. Oswald levou um susto e telefonou para Raul Bopp, pedindo para vir correndo. Procurei um dicionário tupi – sempre gostei de ler dicionários – o que era aba: "homem". Na última página achei uma coisa diferente: poru: gente que come carne humana. Então ficou "Abaporu", "homem que come carne humana".
De 1935 em diante, abandona a fase social e passa a se interessar pelos problemas puramente plásticos da pintura.
Vem, então, uma série de exposições entre o Rio de Janeiro e São Paulo. Em 1950 realiza uma retrospectiva no Museu de Arte Moderna, em São Paulo, com grande repercussão. Em 1969, é a vez do Museu de Arte Moderna, no Rio de Janeiro, com o título de "Os 50 anos da pintura de Tarsila". É considerado o acontecimento maior do ano. Além disso, as bienais se multiplica e as exposições internacionais se avolumam, entre as quais a de Veneza, na Itália.
Em 1971, presta longo depoimento no Museu da Imagem e do Som de São Paulo. Nesse mesmo ano, por ocasião do lançamento, pela Colletio, de um seu álbum de gravuras, é saudada pelo poeta Jorge da Cunha Lima, que diz taxativamente: "Saudar Tarsila é como jogar uma rede no tempo e recolher beleza".
No entanto, no dia 17 de 1973, falecia em São Paulo, a grande pintora, sendo uma história à parte das artes nacionais.
Badalada por todos os cantos, deixou um legado enorme de arte, na pintura, nas plásticas e no bronze. Foi esplêndida tanto como artista, como mulher.
Senhoras e Senhores!
Juventude!
Alguns aspectos ainda desconhecidos da história, como, por exemplo, o seu casamento com Oswald de Andrade e a sua idade correta (que sempre guardou à sete chaves), merecem um estudo melhor. Mesmo o período de um mês que passou na prisão, por motivos políticos que Oswald de Andrade provocou, já que este, numa de suas tiradas, entrou no Partido Comunista do Brasil.
Mas, entretanto, há que se fazer algumas referências a isto tudo, para a compreensão de quem realmente foi esta notável pintora.
Inúmeros biógrafos se debruçam sobre a vida da pintora, esmiuçando tudo a respeito de suas várias fases, entre estes a professora Aracy do Amaral, com três livros sobre a Tarsila, a pesquisadora Nádia Batella Gotilib e uma sobrinha-neta da pintora, que inclusive leva o seu próprio nome Tarsila do Amaral, filha do Dr. Guilherme Estanislau do Amaral, se deparam com o desconhecimento total de sua infância capivariana. Desconhecem o ambiente em que viveu, cercada de riqueza, mas de rigidez de caráter e de sociabilidade. Jamais Tarsila do Amaral teve um minuto sequer de explosão, nem mesmo quando doente, inválida, penando ora a cama, ora o carrinho de rodas, viu seu irmão, sua filha única e sua neta também única, falecerem. Maria do Carmo de Almeida, a Capitu, muito amiga da Tarsila, dizia que não conhecia ninguém mais amiga dos amigos que ela. Nem de ninguém que tenha passado por tantas provações como ela, sem se queixar de nada. Era realmente uma mulher que nasce a cada cinqüenta anos. Outra, só daqui a muito tempo, nas palavras da Capitu.
Tarsila do Amaral conheceu Oswald de Andrade quando de sua volta da Europa, em 1923. Em 1926 casa-se com ele, cujo padrinho de casamento foi o Presidente da República Washington Luiz e o Presidente do Estado de São Paulo Júlio Prestes. Os governos dos estados eram assim chamados de Presidente.
A própria Tarsila assim fala deste casamento, que muitos dizem não ter realizado:
"Fui casada com Oswald de Andrade. Dizem que não, mas não é verdade. Casamos numa grande festa em minha casa na rua Vitória. Fiz um vestido de seda com um "manteau" maravilhoso. Mas Oswald era impossível. Adorava brigar. Estávamos casados quando ele brigou com o Mário de Andrade. Depois pediu que eu escrevesse uma carta de reconciliação. Mas o Mário não aceitou".
Depois se separou, em razão do temperamento explosivo de Oswald. Quando desta separação, lhe sobreveio a morte dos pais. E assim perdeu tudo, inclusive as suas propriedades, tendo que morar na casa da Capitu. Como a única coisa que lhe restava era o apartamento em Paris, resolveu ir até lá para ver se fazia algum negócio de sua venda. Estava tão pobre que ficou numa pensão. Em 15 dias, acabou o seu dinheiro e ela resolveu procurar emprego. Andando uns dias pelas ruas viu numa construção a placa "Precisa-se de pintor". Entrou e foi admitida entre os pintores – todos homens – que lhe ensinaram o ofício. Com alguns dias, pediram-lhe os documentos para contratá-la, mas o dono da construção era o arquiteto Adrian Claude, que ao ver o seu nome mandou chamá-la. Ficou muito chocado de ver Tarsila fazendo aquele trabalho, convidando-a para decorar o seu apartamento. Tarsila desenhou nas paredes a baia de Guanabara em sépia. Ganhou dinheiro bastante para voltar ao Brasil e ficar algum tempo com folga.
Lembro, entretanto, que o primeiro casamento da Tarsila, foi com o Dr. André Teixeira Pinto, e desta união é que nasceu a filha Dulce, falecida em 1966, vítima de diabetes. A neta Beatriz, faleceu afogada numa piscina em Petrópolis, no Rio de Janeiro, ao tentar salvar uma amiga.
Com o Oswald de Andrade não teve filhos. Após a separação com este, casa-se novamente, com Luiz Martins, escritor e jornalista. Separa-se, tempos depois. No final da vida, uma companheira inseparável lhe foi a secretária Anette.
Recolhida em seus aposentos, nos últimos tempos, em cadeira de roda, em razão de um acidente, Tarsila do Amaral guardou, sempre, a alegria e o entusiasmo pela vida. Dizia querer viver cem anos, se assim Deus permitisse. Tinha o amor pelas coisas simples e via com olhar de um pensador todos ao seu redor. Tratava-os com a sua delicadeza peculiar.
Nos últimos tempos de vida, ela não deixava de dizer sobre a morte:
"Eu não tenho medo da morte e sei que ela virá na hora certa, como tudo o que me aconteceu na vida. Sempre procurei estar preparada para receber o pior, embora morrer seja uma contingência natural. O importante é que se tenha vivido com dignidade e se haja, em todos os instantes, escolhido a melhor maneira de ser útil. Existir por existir nada significa, se a gente não empresta sentido ao fato puro e simples da existência".
Lembro que o seu início de pintura foi com Pedro Alexandrino, o primeiro a lhe explicar as nuances da pintura e lhe abrir o caminho do estrelato. Uma vida dedicada inteiramente à pintura, muito embora de suas mãos tenha saído algumas poesias e alguns contos. Fez, Tarsila do Amaral, jornalismo crítico, nos principais jornais do país, entre eles O Globo, O Estado de São Paulo, Diário de São Paulo, Diário de Notícias, Diários Associados e outros tantos. Conviveu com a intelectualidade brasileira, nos áureos tempos da década de 20.
Lembro que em Capivari, a sua terra natal, a única obra deixada pela artista foi o busto do eterno Rodrigues de Abreu. A história registra o quanto se fez em Capivari para a construção dessa herma e o quanto se arrecadou para a sua concretização. Entretanto, dos escultores, por final foram ter com a Tarsila que, num gesto de acendrado amor à sua terra natal, e também o reconhecimento do valor poético de uma dos mais invejáveis intelectuais da década de 20, não cobrou nada pela obra. E lá está, desde 1933, na Praça Dr. Cesário Mota, com a assinatura no bronze: Tarsila do Amaral, que esteve presente na inauguração, com toda pompa possível.
Devo, nesta oportunidade, dizer-lhes alguma coisa mais sobre a vida da Tarsila do Amaral. O desconhecimento que se tem de algumas fases de sua vida, principalmente a da tenra idade, fase de meninice e, depois, a mocidade resplandecente, muita coisa ficou encoberta, até porque ela mesmo assim fez questão de esconder. Basta-nos encarar como fato interessante ela ter, toda a sua vida, encoberto a idade e o ano de seu nascimento. É claro que este seu ano de nascimento ficou por muito tempo duvidoso, mas graças a um trabalho meticuloso da boa gente capivariana (e eu, sem falsa modesta, também fui um dos pesquisadores), chegou-se a conclusão do ano de 1886. Precisamente no dia 1º de setembro. Uma carta de sua mãe, Dona Lídia, datada do dia 1º de setembro de 1927, assim diz:
"Neste glorioso dia em que nasceu a maior pintora brasileira, de uma criatura tão humilde como eu, rendo graças ao nosso bom Deus por ter-se dignado encher-te de seus dons, fazendo de ti uma verdadeira maravilha em beleza física e moral, em inteligência inigualável, pois que Deus cumulou-te de perfeições, não se esquecendo de fazer-te a melhor das filhas, eu te abençôo, eu e teu pai, neste dia em que nasceste. Abraço-te e beijo-te com todo o amor maternal. Sua mãe Lídia".
Ficaria, aqui, a enumerar centenas de figuras que falaram da Tarsila do Amaral, em depoimentos dos mais importantes sobre a pintura brasileira. Falaria de seus inúmeros amigos, admiradores, de suas idas à Capivari, hospedando-se em casas de parentes, amigas e do seu entusiasmo ao rever toda essa gente. O pintor capivariano, residente em Indaiatuba, Norberto Benedito de Campos, recebeu da Tarsila todo o entusiasmo, quando ainda criança residia na rua Antônio Pires. Ele faz questão de salientar o quanto Tarsila do Amaral e Anita Malfatti enchiam-lhe de elogios, passando-lhe as mãos na cabeça. Recorda, com brilhos nos olhos, estes velhos tempos, que já se vão 50 anos atrás.
Recorda, ainda, o querido amigo Dr. Sérgio Estanislau do Amaral, o carinho que a Tarsila tinha por ele. Em várias oportunidades, este seu sobrinho predileto disse-me o quanto ela gostava de Capivari, das pessoas simples, das fazendas, do campo, das plantas, das boas e sinceras amizades.
Por tudo isto é que rendemos pleito de gratidão a esta grande criatura. Portanto, a figura de Tarsila do Amaral, eterna, precisa ser lembrada, a todo instante, para conhecimento das novas gerações.
Há, neste momento, muitos admiradores da artista que buscam perpetuar a sua memória, trazendo novos temas, novas e interessantes passagens desta bela criatura. A mim, particularmente, como capivariano e conterrâneo que ligeiramente a conheci, quando de uma sua visita ao seu irmão em Capivari, no majestosos casarão da Rua Fernando de Barros com a Rua Barão do Rio Branco, quase próximo da famosa "biquinha", tão cantada por Mário Lago, me resta contribuir indelevelmente com esta minha fala, enaltecendo os seus feitos. Tarsila do Amaral representa uma época em nosso país – uma eterna aliança cultural que não pode ser esquecida jamais.
E vejam as palavras do escritor Fernando Góes: "Tarsila viveu sua longa vida cercada não só dos aplausos e da admiração, sem desfalecimentos, do público e dos meios artísticos e intelectuais, mas também da estima e da amizade de seus companheiros de ofício, dos escritores, daqueles que tiveram a alegria do seu convívio e que nela viam não somente a grande artista, mas, igualmente, fundindo-se e confundindo-se com esta, uma grande figura humana".
E, Pedro Dantas, arremata: "Tarsila não se deixou abalar conforme a rosa dos ventos. Seu lugar, sua posição na história da arte brasileira, é inexpugnável. Ela brilhará, nesse firmamento, como estrela que não deixou e não deixará de nos comover com os raios da sua luminosa trajetória no mundo das formas, da cor, da luz".
Mas de todos os grandes elogios sobre a pintura, ficaria com as palavras do poeta Paulo Bonfim, que lhe fez a oração de despedida, quando o corpo da Tarsila baixava à sepultura, no Cemitério da Consolação, em São Paulo, numa tarde fria e nebulosa de janeiro de 1973: "Tarsila não parte. Chega com o futuro".
Obrigado!

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

TENHA UM BLOG DE SUCESSO !!!!!!!!!

AJUDEM A DIVULGAR O MEU BLOG !!!!

ESSA PROPOSTA É ÚNICA NO BRASIL, E O ASSUNTO MUITO SÉRIO !!!!

http://loghvsfinearts.blogspot.com/

CONTO COM A COLABORAÇÃO DE TODOS !!!!!!!

MAIS UMA MENSAGEM DE APOIO!!!!!!!!!

23/12/2008 03:32
Parabéns pela iniciativa. Tenho um desenho da tarsila que hoje figura a parede da nossa instituição cultural no Rio e sabendo de todos esses problemas com o problema dos expertises pelo projeto, situação já mencionada em conversas com outros colecionadores amigos, acabei desistindo de tentar autenticar a obra, que agora, apenas decora o ambiente e causa admiração nas pessoas que o observam. O mesmo problema ocorrerá com quem tentar autenticar qualquer VOLPI, pois o Projeto Volpi tb não foi adiante e hoje , os possuidores de trabalhos do artista, como tb é o meu caso passaram por esse problema...Tenho um gache sobre papel mata-borrão, lindo, realmente com o sendo de equilibrio e geometria utilizados pelo mestre,entretanto, a autenticidade da obra é questiona por alguns e reconhecida por outros...enfim...a mesma situação absurda do mercado de arte....Existem técnicas que são necessárias no Brasil e em Minas já existem algumas analises que afirmam a autenticidade da obra ou ao menos identificam materiais e papeis similares ao utilizado pelo artista... como pigmentos, solventes e etc.
JOHN...(101)

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

O DIA EM QUE “A NEGRA” CRUZOU AS PERNAS........

Antes de sair em férias, retornando em 17.01.2009, não posso deixar de registrar uma curiosidade, que me foi apontada pela visão arguta do amigo Marcelo Valente, de Jundiaí, que começa muito bem exercitando seu “olho clínico”: se visitarem o website do Projeto Catálogo Raisonné Tarsila do Amaral, verão que, em todos os esboços de “A Negra”, a perna direita está sobre a perna esquerda. Na “obra final”, ocorre o contrário: a perna esquerda está sobre a perna direita. Em minha aquarela, o estudo mais completo, portanto mais próximo da concepção final, a posição é a mesma do óleo sobre tela.

Acessem os links abaixo e confiram!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Alguém do Projeto ou outro estudioso poderia ajudar, no sentido de esclarecer a razão da mudança feita por Tarsila do Amaral, após realizar os estudos que hoje estão catalogados?????

http://www.macvirtual.usp.br/MAC/templates/exposicoes/exposicao_permanente_obras/imagem/a_negra.jpg

http://www.bbc.co.uk/portuguese/especial/images/539_tarsila/153654_tarsilanew2.jpg

http://img.mercadolivre.com.br/jm/img?s=MLB&f=86526255_9736.jpg&v=O

http://www.base7.com.br/tarsila/

domingo, 21 de dezembro de 2008

Questionamento ao projeto Catalogue Raisonné Tarsila do Amaral

Publicado em 17/12/2008 pelo(a) wiki repórter ARTESMS, BRASILIA-DF

"A Negra" - Aquarela - Foto: Acervo pessoal
Finalmente aberto ao público o tão esperado resultado do Projeto Catálogo Raisonné, de Tarsila do Amaral (http://www.base7.com.br/tarsila/). Para os colecionadores de Brasília, e provavelmente de outros Estados, certamente dúvidas e uma grande decepção! Como participante do projeto, apresentei um estudo completo em aquarela de A Negra (http://www.liveauctioneers.com/item/2563639), executado em um caderno de estudos que apresenta no verso um estudo de cores, certamente para a plumagem em tons esverdeados da obra. Em que pese não ser assinada, trás no verso uma inscrição em caligrafia cursiva, cujo significado não escaparia à interpretação de olhos mais argutos.A aquarela foi adquirida em 10/2006, em leilão anualmente realizado pela casa de leilões Gorringes/UK (http://www.gorringes.co.uk/). A obra foi anunciada como atribuída a Tarsila do Amaral, que de forma idêntica anunciou um óleo sobre tela no ano de 2005, que foi adquirida por Paulo Kuczynski, com quem tive a oportunidade de conversar em novembro de 2006. Quando recebi a visita da pesquisadora da Base7 (cuja identidade por hora preservarei) em minha residência em Brasília, em novembro de 2006, a aquarela ainda não havia chegado ao Brasil. Entretanto, apresentei à pesquisadora as referências de minha aquisição, mostrando que no ano anterior a mesma casa de leilões havia vendido, em 20.10.2005, um óleo sobre tela por GBP 15,000. Ela reconheceu a obra que havia sido adquirida por Paulo Kuczynski, mas à época me informou que já pertencia a outra família. A obra em questão está hoje catalogada como P156: Fazenda com Sete Porquinhos.Ficou tão entusiasmada com a aquarela que, em minha residência, acessou o banco de dados Base7, mostrando-me alguns estudos, quase todos inacabados. Conforme então me foi informado, fiquei aguardando a expertise das obras na cidade de Brasília, o que nunca chegou a ocorrer.No intuito de tentar submeter a obra a uma avaliação mais criteriosa, enviei nova documentação à Base7, propondo o envio da obra a São Paulo, em 17.10.2007, sem obter qualquer resposta.Mesmo assim, em 12.12.2007, recebi correspondência registrada da Base7, solicitando a confirmação de meus dados pessoais para confirmação de crédito de propriedade de publicação, até 15.01.2008, pois a previsão da publicação do Catálogo Raisonné seria em março/2008. Enviei a confirmação em 14.01.2008.O que se passou com o Projeto Catálogo Raisonné de Tarsila do Amaral, entre janeiro e dezembro/2008, tornou-se um mistério.Parece que o projeto perdeu o rumo, pois em 11.03.2008 recebi uma última correspondência antes da publicação final de 13.12.2008, na qual a Base7 afirmava que a inclusão de novas obras havia sido estendida até 04.03.2008. Assim, afirmava textualmente que "inicialmente prevíamos a publicação de uma primeira versão do CD-ROM, com lançamento na Pinacoteca do Estado, em São Paulo, no encerramento da exposição Tarsila Viajante. Observamos que com a grande repercussão obtida por esta exposição, novos colecionadores entraram em contato com o projeto, solicitando a análise e catalogação de suas obras. A esses colecionadores foi solicitado que encaminhassem inicialmente o registro fotográfico das obras para primeira avaliação, bem como informações sobre aquisição e dados técnicos das obras impreterivelmente até 07 de março de 2008. A partir dessa data data a catalogação de novas obras foi encerrada". Convenhamos que soa pelo menos estranho a um projeto desse porte, iniciado no final de 2005, que reabra inscrições de novas obras para serem avaliadas no período de poucos meses, vez que essa mesma correspondência indicava o segundo semestre de 2008 para sua finalização. Ademais, um projeto que não conseguiu cumprir o cronograma de expertise, como no caso de minha obra, sequer supriu sua própria ineficácia respondendo a minha solicitação de envio da obra a São Paulo, ou solicitando fotografias com qualidade para uma avaliação minimamente profissional, ou seja, descartando uma obra dessa importância com base em fotos digitais, que diligentemente procurei obter com as limitações técnicas inerentes, pois dava como certa a missão de avaliação com a obra em mãos em Brasília.Nesse sentido, conclamo a todos que se sentiram lesados pela forma com que o projeto foi conduzido, para que entrem em contato pelo meu e-mail, para que possamos fazer um levantamento das questões suscitadas. Formarei um banco de dados com nome / endereço / telefone / descrição da obra / dados sobre origem e um breve comentário sobre os problemas e dúvidas quando de sua participação no projeto. Somente serão cadastradas as pessoas que enviarem dados completos, incluindo um número de telefone fixo para contato.Assim, poderemos levantar uma estatística sobre as obras não reconhecidas pelo projeto e confrontá-las com os dados das obras aceitas. Provavelmente, poderemos reconhecer alguns desvios do projeto, seja por localização geográfica ou outros critérios técnicos.
loghvs.finearts@bol.com.br

VOCÊ SABIA 2 ??????????????

Que foram incluídos 10 papéis de estudos de "A Negra" AG005 - D032 - D033 - D034 - DE167 DE171 -DE172- DE192 - D1018 E DQ001, ALGUNS INCOMPLETOS. Minha aquarela é a mais completa, com todo o estudo de cores que orientou a execução do ost.

MENSAGEM DE APOIO

19/12/2008 11:53
Esse é apenas o retrato fiel dos "detentores do poder" num mercado frágil onde o achismo de alguns, determina a autenticidade de uma obra. E hoje em dia parece que proliferou os Institutos, projetos e comissões lideradas por familiares que, tirando o laço de sangue (laços BEM DISTANTES, às vezes!) entendem tanto da obra quanto um estudante de Belas Artes com um Google na mão. Uma pena que temos um país sem cultura que não lê, basta ver a biografia de determinados artistas que você verá- sem citar nomes- que alguns dos familiares que respondem HOJE sobre determinado artista, tinham 5, 6...7 anos de idade quando o mesmo faleceu. Sem contar com aqueles que nem eram nascidos! Enfim, ficamos a mercê do " bom olho" de outros e literalmente castrados de termos obras em circulação de artistas importantes de valor inestimável para a cultura de um país. BOA SORTE, talvez precise...
MCGART...(1)
19/12/2008 14:58
Olá! Grato pelo apoio. Sei que precisarei bem mais do que sorte, mas ao promover o debate já alcançaremos a mídia não comprometida. Poderia transcrever esse relato no meu blog que lançei excusivamente para tratar do projeto? http://loghvsfinearts.blogspot.com/ Ou me autorizaria a reproduzir? Abraços!!!!

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Você sabia???????????????????

Acabei de receber um email da Coordenadora Geral do Projeto Base7. Ela afirma que a decisão da Comissão Técnica é soberana e não podem intervir. O interessante é que 3 dos 7 membros são parentes da artista (Aracy Amaral, Gulherme Augusto Amaral e Tarsilinha Amaral). Tarsilinha Amaral nem se preocupou em preservar o anonimato nos créditos de propriedade em algumas obras suas catalogadas. Marta Rossetti Batista faleceu em 31.05.2007. Assim, metade da Comissão Técnica foi composta por membros da família, na fase decisiva do projeto. Conto com sua participação. Abraços e não deixe de acompanhar as novas informações.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Mensagens enviadas ao Projeto Catálogo Raisonné Tarsila do Amaral (Base7)

Brasília, 17 de dezembro de 2008.
Prezadas ............................,
Com a divulgação dos resultados do Projeto Catálogo Raisonné Tarsila do Amaral (http://www.base7.com.br/tarsila/), e considerando minha participação conforme documentação anexa, restaram diversas dúvidas relativas ao processo de reconhecimento das obras.
Ressalte-se, em especial, a inclusão da obra catalogada como P156, de mesma origem da aquarela de minha propriedade, e o fato de que, com o cancelamento da expertise de obras em Brasília / DF, enviei documentação em 17.10.2007 (anexa), quando propus enviar a obra para uma avaliação mais criteriosa, sem obter retorno.
Assim, por honestidade intelectual, informo já ter sido procurado pela mídia especializada para falar sobre o assunto, reservando-me o direito de divulgar os atos e fatos relacionados a todo esse Projeto, inclusive consultando especialistas no Brasil e no exterior, no intuito de esclarecer acerca originalidade da obra em questão.
Atenciosamente,
.....................................

Brasília, 17 de outubro de 2007.

Prezada ..............,

Conforme nosso contato, estou enviando dados complementares sobre essa aquarela atribuída a Tarsila do Amaral.

A obra foi adquirida junto à casa de leilões Gorringes (http://www.gorringes.co.uk/), localizada em Lewes / England, em 19/10/2006 (Lote 2352 – Aquarela – Study of a woman – 11 x 10 in – 28 x 25 cm).

Trata-se de um obra executada em uma pequena tela, do que parece ser um caderno de estudos, com estudo de cores e inscrição no verso (vide fotos).

...................esteve em minha residência em outubro / novembro de 2006 e registrou a obra com base nas informações que lhe prestei, vez que a obra ainda não havia chegado ao Brasil.

Quando falei a ela sobre a origem da obra, ela se lembrou de outra obra que havia sido adquirida na mesma casa de leilões (Lote 2037 – Óleo s/ tela – “Fazenda” – 17.75 x 21.5 in – 45 X 55 cm - 20/10/2005), que também está em processo de catalogação nesse projeto, hoje em propriedade de uma determinada família. Posteriormente, tive conhecimento de que quem adquiriu essa obra originalmente junto à Gorringes foi Paulo Kuzcinski.

Os links a seguir fazem referência às duas obras citadas, vez que o site da Gorringes só apresenta os resultados dos leilões nos últimos 90 dias:
http://www.liveauctioneers.com/item/2563639
· Estimate £400 - £600
Auction details
Fine Art, Antiques and Collectables 1:00 AM PT - Oct 19th, 2006
offered byGorringes, Lewes, England
15 North StreetLewes, East Sussex BN7 2PD

Lot 2352
Attributed to Tarsila Amaral (1886-1973) Brazilia
Sign In to see what this sold for
Attributed to Tarsila Amaral (1886-1973) Brazilianunframed watercolourStudy of a woman11 x 10in.
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http://www.liveauctioneers.com/item/1303757
· Estimate £800 - £1,200
Auction details
Fine Art, Antiques and Collectables 2:00 AM PT - Oct 20th, 2005
offered byGorringes, Lewes, England
15 North StreetLewes, East Sussex BN7 2PD

Lot 2037
Attributed to Tarsila Amaral (1886-1973) Brazilia
Sign In to see what this sold for
Attributed to Tarsila Amaral (1886-1973) Brazilianunframed oil on canvas,'Fazenda',signed and dated 1943,17.75 x 21.5 ins.
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Nesse sentido, estou lhe enviando fotos e informações adicionais que colaborem na avaliação dessa obra, as quais solicito a gentileza de encaminhar à comissão de catalogação.

Caso seja possível, poderia levar a obra a São Paulo para que seja submetida a uma avaliação mais criteriosa pela comissão avaliadora.

Aguardo seus comentários, agradecendo desde já a atenção dispensada.

Atenciosamente,
...................................